O crime de morte desperta tanta curiosidade porque é ao mesmo tempo estranho e familiar, ameaçador e íntimo. Enquanto familiar e íntimo ele nos atrai; enquanto estranho e ameaçador, ele nos repele. Se levarmos em consideração o fato de que todas as noites, em nossos sonhos, matamos e cometemos toda a sorte de perversidade com pessoas que nos são queridas, não é difícil entender que o crime e a atração mórbida façam parte da nossa interioridade. O mal não é algo externo a nós, mas algo que nos habita. Assim como repetimos todas as noites nossos pequenos assassinatos, sentimo-nos atraídos pelos assassinatos alheios. O crime é cosa nostra. (Luiz Alfredo Garcia-Roza, escritor de romances policiais)